terça-feira, 27 de novembro de 2007

Ricardo Reis...

Num tom mais informal, penso que é bastante importante sabermos um pouco quem foi esta personalidade e um pouco daquilo em que ela contribuiu para o desenvolvimento e evolução do movimento literário português. Disse personalidade porque nao podemos referir-nos a Ricardo Reis como uma "pessoa física", termo até bastante utilizado neste meio digital. Este ser, criado, a par de muitos outros, por Fernando Pessoa, tinha diversas características individualizantes, tinha a sua maneira própria de escrever, de pensar, de estar na vida. Tinha a sua própria filosofia de vida, uma profissão, tinha padrões de regimento diferentes de qualquer outro, até a sua educação era diferente. Existem contudo datas distintas para o nascimento de Ricardo Reis: o nascimento na mente do poeta, a 29 de Janeiro de 1914: "O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de Janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa sobre os excessos, especialmente de realização, da arte moderna. Segundo o meu processo de sentir as cousas sem as sentir, fui-me deixando ir na onda dessa reacção momentânea. Quando reparei em que estava pensando, vi que tinha erguido uma teoria neoclássica, que se ia desenvolvendo." No entanto, esta data acabou por ser alterada. Pessoa considerava que Ricardo Reis foi o primeiro heterónimo gerado, apesar de não ter sido o primeiro a iniciar a sua actividade lírica. "Fisicamente", Ricardo Reis nasceu em Lisboa, às 11 horas da noite do dia 28 de janeiro de 1914.
Ricardo Reis tem uma concepção simplista da vida, é um relativista sereno. Não há heterónimo mais parecido com Pessoa, tanto na aparência - magro, de estatura média, ligeiramente curvado, moreno - quer também na sua maneira de ser e no seu pensamento. É adepto do sensacionismo, discípulo de Caeiro, mestre de todos (ortónimo e restantes heterónimos), mas na sua perspectiva neoclássica Ricardo Reis acredita "que as coisas devem ser sentidas, não só como são, mas também de modo a integrarem-se num certo ideal de medida e regras clássicas." O neopaganismo, o estoicismo e o epicurismo estão também presentes na sua poesia.
«Deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero» (Páginas Íntimas e Auto Interpretação, p.393).

Para saber um pouco mais sobre Reis, agora de uma forma oral http://discursodirecto.podomatic.com/player/2006-05-01T12_53_57-07_00?src=http%3A%2F%2Fdiscursodirecto.podOmatic.com%2Fenclosure%2F2006-05-01T12_53_57-07_00.mp3&flv=0




reis